Essa é, geralmente
uma época muito alegre e colorida aqui por Minas Gerais. Ou melhor,
praticamente pelo Brasil inteiro, especialmente no Nordeste, que mantém o costume
das festas juninas.
Manda a tradição que
sejam bastante comemorados os três santos do mês: Santo Antônio, o
casamenteiro, São João, o das noites mais longas e frias e São Pedro, o dono
das chaves do céu.
Tais festas, aqui no
interior de Minas são associadas às comemorações da colheita, especialmente a
do café, tradicionalmente um dos produtos mais valorizados da nossa agricultura.
Geralmente era nessa época do ano que, graças à receita da venda do grão, as
famílias de pequenos fazendeiros e agricultores melhoravam suas propriedades,
renovavam suas moradias e até recompunham o estoque de roupas de frio e
calçados.
As festas por aqui
são cercadas de tradições e símbolos consagrados. A fogueira, por exemplo, é um
dos mais fortes. Provavelmente tem a ver com o fato de o mês de junho ser,
geralmente, o mais frio do ano. Antigamente havia o costume de “passar na
fogueira”. Fazia-se isso, descalço e não se queimavam os pés. Já vi pessoas
fazendo isso, inclusive o meu pai. As crianças não podiam. As comidas típicas
são maravilhosas, geralmente feitas com milho e seus derivados: canjiquinha,
canjica doce, pipoca, broa de fubá etc. Outro costume consolidado e perpetuado
é a dança da quadrilha, ao som da sanfona. Esta, em muitos casos, é precedida do casamento do Jeca, uma sátira
em minha opinião de extremo mau gosto, aos hábitos simples do povo da roça.
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Estandartes na orla da praia em Aracaju-SE |
Penso, sinceramente,
que casamentos da cidade são muito mais jecas e cafonas que as cerimônias do
meio rural. Geralmente, nesses eventos urbanos vemos mulheres desconfortáveis sofrendo com calos provocados
por saltos altos, engalanadas por
vestidos cafonas alugados em lojas do mesmo naipe e com penteados horríveis, endurecidos
de laquê. Os homens, por sua vez, quase sempre apertados em ternos que não têm hábito
de vestir, costumam sofrer tentando afrouxar os nós das gravatas que lhes
provocam incômodos em nosso clima tropical. Até as crianças são apertadas em
vestimentas desconfortáveis, os que as impede de brincar e se divertir nas
festas. Quer coisa mais jeca do que isso?
Melhor deixar o assunto, porque tem gosto pra tudo e
é uma bobagem criar polêmica com miudezas.
O que quero
reafirmar são as belezas e alegrias das festas juninas, seu colorido, suas
comidas típicas maravilhosas, a boa música genuinamente brasileira, como Luiz
Gonzaga, Renato Teixeira, Sivuca, Banda de Pau e Corda e tantos outros. E o
melhor: a oportunidade do encontro. Esse não tem preço. Famílias, parentes e
amigos reunidos em volta da fogueira, matando saudades, confraternizando, rindo
e se divertindo; as crianças brincando à vontade, pessoas namorando (o frio é
tempo muito bom pra isso), noites claras de céu muito estrelado, uma belezura.
Tudo isso, em minha
opinião só é bacana de verdade quando feito sem o propósito comercial, como tem
ocorrido na maioria das festas juninas da atualidade. Em alguns casos, a coisa
anda tão corrompida que a comida típica passa a ser cachorro-quente (argh).
Quanto à qualidade da música que se toca, melhor nem comentar, sob pena de ser
taxado de intransigente. Bom mesmo é deixar de implicância, afinal cada um se diverte do seu jeito. Mas que manter as
tradições é uma delícia, não resta dúvida. ![]() |
Fotos de Dayze Magalhães Gonçalves |
https://www.youtube.com/watch?v=KeeMDRTGLxE
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