Neste Mês de junho, nossas
origens rurais costumam manifestar-se com mais entusiasmo. O Brasil caipira
aflora e comidinhas da roça são lembradas frequentemente. Acho ótimo que seja assim, e que
não deixemos perder nossas raízes, nem nos seduzir pelo massacre cultural
ditado pelas terras do tio San.
Uma das marcas culturais
mais expressivas do Brasil é, certamente a nossa saborosa e diversificada
culinária.
Da roça de onde vim,
zona rural de Guaraciaba, Mg, especialmente nos córregos da Saudade, Bom
destino, Vargem Grande e seus entornos, há um prato que era bastante comum nos
meus tempos de criança e que é desconhecido na maioria das outras partes do
estado. Estou falando da canjiquinha seca, uma delícia à base de milho,
incrementada pela saborosa carne de porco. Ela é preparada com a mesma canjica de
milho quebrado, utilizada para fazer a canjiquinha comum em caldo.
Em pesquisa na net,
somente encontrei uma menção ao prato, registrada na região de Itaboraí-RJ. Não
me consta que essa delícia seja conhecida em outras partes do Brasil.
Lá pelos meus lados,
o mais comum era preparar a canjiquinha seca com carne de porco, principalmente
suã ou costela. Por serem partes com ossos, o sabor que conferem ao prato, é
especial.
Nesta semana, preparei
a canjiquinha, com o propósito também de torná-la conhecida. Nem mesmo minhas
filhas o conheciam. Na oportunidade, quis caprichar também na apresentação.
Optei por desossar as carnes e cozinhar os ossos da suã, apenas para preparar o
caldo. Tive ainda o cuidado de coá-lo, ao incorporar ao prato, para que não
trouxesse fiapos de carne, o que poderia deixar o prato, digamos assim, meio “encardido”.
Mas reconheço que isso foi uma frescurinha de minha parte e que esse trabalho
poderia ser dispensado. Optei também por acrescentar rodelas de paio, com o propósito
de caprichar no sabor. A seguir a receita, tal como a preparei.
 |
Canjiquinha Seca: linda e deliciosa |
CANJIQUINHA SECA
Ingredientes
- 250 gr de
canjiquinha de milho
- 8 pedaços de suã
com carne
- 200 gr de paio
- Uma xícara das de
chá de óleo
- Meia xícara das de
chá de azeite
- Duas cabeças de
alho das grandes
- Sal a gosto
- Caldo de um limão
- 10 unidades de pimenta
biquinho em conserva
- Uma xícara das de
chá de Cheiro verde (salsinha e cebolinha)
Modo de Preparo
Lave a canjica, como
se lava o arroz. Despreze as duas primeiras águas e deixe-a de molho, por duas
horas, pelo menos.
Prepare a suã, primeiramente
lavando os pedaços da carne, escorrendo-os e temperando com uma cabeça de alho
amassado, sal e o caldo de limão. Deixe marinando por duas horas e leve ao
forno para assar. Vá virando os pedaços e pingando água para corar por igual. Duas
horas de forno em temperatura moderada são suficientes para corar e amaciar a
carne. Desosse a suã, reservando as carnes. Leve os ossos a cozinhar por meia
hora em um litro de água. Ao final, devem-se obter três xicaras das de chá do
caldo da carne.
Doure no óleo, a
outra cabeça de alho, descascado e amassado. Nele refogue a canjiquinha, mexendo
bem, por cerca de cinco minutos, ou até que ela fique bem soltinha. Acrescente
o caldo de carne, que pode ser coado ou não. Apure o sal, tampe e deixe secar.
Ao final de quinze minutos verifique se está bem sequinha. Se não, destampe a
panela e mexa levemente. Ao final, acrescente a meia xícara de azeite e misture
bem.
À parte, frite as
rodelas do paio.
Junte à canjiquinha
pronta os pedaços da carne da suã que foi desossada, as rodelas de paio e o
cheiro verde. Enfeite com rodelas de paio, um galho de salsa e pimenta
biquinho.
Este é um prato
típico que pode ser saboreado puro, ou com couve picadinha e feijão inteiro,
cozido na hora e refogado com bastante alho.