O que
pretendo tratar aqui, vai além desses programas, quase todos ridículos, que
algumas empresas instituem com o propósito de melhorar a qualidade de vida(sic)
de seus funcionários. Primeiro sugam até a última gota de suor e sangue do empregado,
levam-no ao limite cobrando níveis de produtividade e desempenho cada vez mais
elevados. Depois vêm com um “pacote” de bobagens, como ginástica laboral, sala
de re-energização, encontro do café da manhã, ou bom dia na empresa e outros
mais, para tentar amenizar os impactos da crueldade. Não seria melhor explorar
menos as pessoas e propiciar um ambiente de trabalho mais harmonioso,
respeitando os limites e singularidades de cada um?
Como disse,
não me refiro a isso, ou pelo menos não somente a isso, quando me proponho a
falar sobre Organizações e qualidade de vida de todos nós. Mesmo se não
mantemos vínculo de emprego com organização alguma, ainda assim, a nossa
qualidade de vida e nosso bem-estar estão, hoje em dia, estreitamente ligados às
organizações, na medida em que praticamente tudo que fazemos está relacionado
ao desempenho de algumas delas.
Se não,
vejamos: desde cedo quando acordamos, em nossas primeiras ações do dia, organizações
estão presentes a promover serviços que são indispensáveis para nós. Ao abrir a
torneira para escovar os dentes pela manhã, está lá a companhia de saneamento que
nos fornece água tratada de boa ou má qualidade, a um preço justo ou não. Se o
sistema de coleta de lixo da nossa cidade não funciona adequadamente,
estaremos sujeitos a um conjunto de mazelas decorrentes dessa inadequação. Da
mesma forma o transporte público, do qual dependemos para o nosso deslocamento,
a escola dos nossos filhos, o hospital onde buscamos atendimento para os
problemas de saúde, a companhia que fornece energia elétrica. Poderíamos
mencionar muitas, muitas outras. Por isso dizemos que a nossa qualidade de vida
depende do desempenho das organizações. É claro, não somos independentes, nem
vivemos isolados.
Ando cansada
de receber mensagens, nas redes sociais principalmente, que afirmam que “a
nossa felicidade depende de nós”. Ledo engano, nada mais falso. Circunstancias
e fatos atrelados à nossa vida, quer queiramos ou não, tolhem a nossa
independência delimitando escolhas na maior parte dos aspectos que envolvem nossa rotina. Quem pode escolher qual
companhia de energia, de água, de esgoto, qual sistema de transporte público vai utilizar? Alguém ai pensa que dá pra ser
feliz, quando seu plano de saúde aumenta a mensalidade em 25%, enquanto seu
salário não teve reajuste algum?
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