Todo
final de ano a gente proclama, como na marcha carnavalesca que “este não vai
ser igual àquele que passou”. Fazemos várias promessas de mudar de vida. Como
disse o Drummond: “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a
esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para
qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da
renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de
acreditar que daqui pra frente tudo vai ser diferente”.
Segundo o jornal Hoje em dia, as três promessas
que aparecem com mais frequência entre as juras de fim de ano são: parar de
fumar, parar de beber, emagrecer ou entrar em uma academia¹. Repararam? Só dificuldade e dureza.
Como qualquer vivente, também faço minhas
promessas. Mas, ao contrário da maioria, tô querendo vida boa. O que mais
desejo? Aprender a ficar a toa.
Nascida em uma família que repetia à exaustão, “o
trabalho é o pai de todas as virtudes e a ociosidade é a mãe de todos os vícios”,
não aprendi a fazer outra coisa, senão trabalhar e trabalhar. A crueldade dessa
frase é chocante, até ao classificar o que é bom como masculino e o ruim como
feminino.
A muito custo tenho tentado praticar a ociosidade
que, para mim, é a mãe da reflexão, da calma, da paz, da harmonia, da
criatividade e de muitas outras coisas boas.
Tenho esperança de que 2014 será um ano
especialmente bom e o meu maior desejo é esse: que eu tenha muito tempo para
ficar à toa. A vocês, meus leitores espero igualmente que, quaisquer que tenham
sido os seus desejos e promessas para o ano novo, todos tenham espaço em sua
vida para a ociosidade, a fantasia e a beleza, em suas mais variadas manifestações.
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