Desde
que nascemos elas estão em nossa volta pregadas como a própria pele. Mudanças nos
acompanham a todo instante e não deixam de intervir em nossa vida em momento
algum. Ainda assim, em grande parte das vezes, esse processo inexorável costuma
nos abalar emocionalmente trazendo perturbação e desconforto psicológico.
Heráclito
já dizia lá antiguidade: tudo muda, nada permanece. Panta Rhei, ou seja, "tudo flui". Ele constatou a eterna mobilidade da
vida e lembrou-nos que nenhum homem entra duas vezes no mesmo rio.
Ainda hoje tantos anos depois, não nos acostumamos ao óbvio:
somente a transformação é certeira; a mudança é inerente à vida. Embora racionalmente
saibamos disso, nossas estruturas emocionais ainda se abalam diante de mudanças de cidade, de estado civil, de
emprego, ou tantas outras que enfrentamos vida afora.
Cada fração do tempo que podemos medir, os dias, as horas, minutos
refletem esse bailar constante das coisas, do amanhecer ao anoitecer. Nada é
para sempre, nem mesmo até amanhã. Ou como dizem as músicas: somos mutantes, eterna
metamorfose ambulante.
O desconforto que a mudança nos provoca parece ser um alerta de
nosso cérebro, a respeito de tudo o que já aprendemos e experimentamos e ao
qual, de uma forma ou outra, nos adaptamos. É um aviso sobre os possíveis perigos
advindos da necessidade de deixar a “zona de conforto” de uma situação
conhecida – mesmo que não seja boa –, para nos aventurarmos nessa penumbra que o
novo representa.
Acima de tudo, muitas vezes tal desconforto representa um desalento diante da constatação
de que o controle que temos sobre o ocorre em nossa vida é mínimo. Por isso me
aborreço quando vejo manuais de autoajuda e gurus picaretas tentando convencer os incautos de que tudo é tão simples: basta que se tenha vontade, para tornar-ser aquilo que se quer ser.
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