segunda-feira, 8 de abril de 2013

Mudanças Nossas de Cada Dia


Desde que nascemos elas estão em nossa volta pregadas como a própria pele. Mudanças nos acompanham a todo instante e não deixam de intervir em nossa vida em momento algum. Ainda assim, em grande parte das vezes, esse processo inexorável costuma nos abalar emocionalmente trazendo perturbação e desconforto psicológico.
Heráclito já dizia lá antiguidade: tudo muda, nada permanece. Panta Rhei, ou seja, "tudo flui". Ele constatou a eterna mobilidade da vida e lembrou-nos que nenhum homem entra duas vezes no mesmo rio.
Ainda hoje tantos anos depois, não nos acostumamos ao óbvio: somente a transformação é certeira; a mudança é inerente à vida. Embora racionalmente saibamos disso, nossas estruturas emocionais ainda se abalam diante de  mudanças de cidade, de estado civil, de emprego, ou tantas outras que enfrentamos vida afora.
Cada fração do tempo que podemos medir, os dias, as horas, minutos refletem esse bailar constante das coisas, do amanhecer ao anoitecer. Nada é para sempre, nem mesmo até amanhã. Ou como dizem as músicas: somos mutantes, eterna metamorfose ambulante.
O desconforto que a mudança nos provoca parece ser um alerta de nosso cérebro, a respeito de tudo o que já aprendemos e experimentamos e ao qual, de uma forma ou outra, nos adaptamos. É um aviso sobre os possíveis perigos advindos da necessidade de deixar a “zona de conforto” de uma situação conhecida – mesmo que não seja boa –, para nos aventurarmos nessa penumbra que o novo representa.
Acima de tudo, muitas vezes tal desconforto  representa um desalento diante da constatação de que o controle que temos sobre o ocorre em nossa vida é mínimo. Por isso me aborreço  quando vejo  manuais de autoajuda e gurus picaretas tentando convencer os incautos de que tudo é tão simples: basta que se tenha vontade, para tornar-ser aquilo que se quer ser. 

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