“A reforma do pensamento requer um questionamento radical que desanima as pessoas" (Edgar Morin, em Meus Demônios. Bertrand Brasil, 2000, p. 185).
Resenha do livro: Revolução das Plantas Stefano Mancuso. São Paulo: Ubu Editora, 2019.
O livro Revolução
das plantas do biólogo e pesquisador italiano Stefano Mancuso, publicado no
Brasil pela Editora Ubu, apresenta um novo
olhar sobre o reino vegetal, com conceitos e ideias muito surpreendentes para a
maioria das pessoas.
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O livro recebeu o prêmio Galileo de divulgação científica no ano de 2018 |
O autor informa que o
comportamento de plantas vem sendo estudados pela ciência desde pelo menos o
século XVIII, e que afinidades entre os
reinos animal e vegetal no que concerne à capacidade de cognição e aprendizagem
das plantas vem sendo descobertas desde então.
Perguntando se é
possível existir memória sem cérebro, esse
livro nega o conceito de passividade das plantas, ao afirmar que elas são
formas de vida bastante sofisticadas.
Por apresentarem comportamentos interessantes, ainda que não possuam cérebro, encontram
formas particulares de criarem e reterem memórias, sendo capazes de assumir
novos comportamentos.
Também as plantas podem praticar
o mimetismo a seu favor, fortalecendo a capacidade de sobreviver e surpreendendo-nos
com o quanto têm a ensinar. A busca pela sobrevivência e pela evolução ao longo
dos anos dotaram as plantas de sabedorias milenares que, ao serem descobertas tem
surpreendido cientistas em todo o mundo. Comportamentos tão aprimorados das
plantas podem e vem sendo utilizados para inspirar soluções para problemas
humanos de alta complexidade. Mais recentemente suas estruturas e propriedades
têm sido utilizadas até para a construção de protótipos de sondas de exploração espacial. Os chamados
robôs plantóides já estão sendo utilizados experimentalmente por laboratórios
da NASA, com perspectivas de uso na busca de conhecimentos sobre
outros planetas.
A maneira como as
plantas coexistem na natureza e convivem com as diferenças, colaborando entre
si no processo evolutivo, desenvolve uma espécie de
inteligência coletiva, que favorece a
sobrevivência e inspira estudos sobre
novos sistemas de governança cooperativa baseada na descentralização como em uma árvore, por
exemplo, e não com funções e atribuições dispostas em hierarquias. O autor
enaltece tais características expressando o conceito de democracia verde,
apontando como modelo de gestão do
futuro.